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Na Unifesspa, Deputada estrangeira denuncia violações de direitos humanos na região de Marabá

Publicado: Quarta, 02 de Agosto de 2017, 19h26 | Última atualização em Quinta, 05 de Outubro de 2017, 17h41 | Acessos: 248
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A deputada do Partido Trabalhista, Julie Ward, 60 anos, alertou que as pessoas na Amazônia brasileira, principalmente as mais jovens, estão sem apoio e sem possibilidades de se realizarem profissionalmente, sem trabalho e sem condições de se manterem como pessoas e em risco de comprometer a saúde mental ou caminhando para isso.
Depois de doze dias na região de Marabá, Julie Ward não viu perspectivas de ações por parte das autoridades governamentais no curto prazo; mas aconselhou os jovens a se organizarem, para buscar saídas nas artes e na educação, outro mecanismo de reação para esse estado de coisas que imobilizou as pessoas, com o agravamento da crise política brasileira.
A deputada eleita entre os 751 integrantes do Parlamento Europeu, em Bruxelas, disse que ficou impressionada com “a violência extrema - militar, política, sociocultural e ecológica - e a impunidade no Pará. Pretendo usar minha atuação política para fortalecer o projeto de transformar Marabá de vitima da exploração e sobrevivência em uma cidade inteligente e sustentável".
A deputada Julie fez esse relato ontem, à noite, no campus 1, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) em Marabá, durante a Roda de Conversa sobre Futuros Sustentáveis promovida pela Diretoria de Ação Intercultural da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis (DAI/PROEX), pela Faculdade de Educação do Campo do Instituto de Ciências Humanas (FECAMPO/ICH) e pelo Rios de Encontro, projeto eco-cultural e socioeducativo enraizado desde 2008 no bairro Francisco Coelho, na Marabá Pioneira.
As falas de Julie Ward traduzidas no encontro pelo coordenador do projeto Rios de Encontro, educador popular Dan Baron Cohen serviram para que a parlamentar expusesse seu compromisso com a solidariedade a diversidade dos povos da região amazônica e a necessidade de educação política as camadas populares, especialmente aos mais jovens, como medida de se conscientizar sobre seus direitos e cobrar das autoridades respostas para suas demandas. 
Julie Ward integra três das vinte comissões do Parlamento Europeu: as Comissões da Educação e Cultura; Direitos da Mulher e Igualdade de Gêneros, e que sua atuação em Bruxelas consome quatro dias por semana. Fora desse período, Julie disse que é comprometida em visitarem os países para conhecerem seus povos e culturas. 
Da região amazônica, ela viajou hoje para Brasília, onde pretende fazer um balanço das atividades e denunciar a violência contra os povos tradicionais; contra os posseiros nos assentamentos e a degradação ambiental para as autoridades da Embaixada da União Europeia, como forma de pressionar o Governo Temer e mudar a realidade encontrada. De Brasília, Julie Ward vai acompanhar e fiscalizar as eleições parlamentares no Quênia.
No período em que ficou em Marabá, Julie Ward visitou as aldeias de Xikrin, na região de Canaã dos Carajás, e de Gavião Parkatêjê, em Bom Jesus do Tocantins; visitou acampamentos do Movimento dos Trabalhadores sem Terra; reuniu-se com a turma de Direito da Terra e com a coordenação do Cursinho Emancipe, ambas da Unifesspa; e sobrevoou áreas de produção agropecuária e mineração.
Esta foi a primeira vez que um representante do Parlamento Europeu vem ao Pará em visita não oficial. 
Brasil estado de crise pré-Turquia

Julie Ward alertou que o Brasil está vivendo um estado de crise econômica, política e de valores morais que o deixa próximo à fase de pré-crise da Turquia, cujo país encontra-se geoestrategicamente bem localizado entre à Europa e a Ásia. A Turquia é uma república constitucional democrática, secular e unitária, mas que sofre com a violação de direitos humanos, instabilidades políticas e atentados terroristas.
Julie apontou suas preocupações sobre o rumo do Brasil, após o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Para ela, o mundo está em crise, desde a Europa com a zona do Euro, genocídios, refugiados e controle fiscal rígido com austeridade que tem atropelado os direitos das pessoas; até os EUA, que não tem mais a mesma liderança mundial e descarta acordos climáticos antes convencionados.
Segundo Julie, o noticiário sobre a complexidade da crise europeia ocupa muito espaço nas mídias audiovisuais e impressas e por isso, os europeus ainda não perceberam que o Brasil está em crise absoluta. “Pouco se conversa sobre a América Latina, e o que se fala fica resumido entre os acontecimentos na Venezuela e os entendimentos ou desentendimentos entre o Governo da Colômbia com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARCs)”.
        Para ela, a política no mundo tem sofrido desgastes e não representa mais os interesses da maioria. Segundo ela, o povo não consegue mais participar dos partidos, que são dominados sempre pelas mesmas pessoas, sejam de esquerda ou direita. “Política virou um negócio”.
Ela fez duras críticas à esquerda francesa e ao seu modelo de socialismo que no Governo realizaram ações de cortes de direitos dos trabalhadores e retiraram direitos sociais consagrados. Também reduziu o número de trabalhadores públicos como enfermeiros, bombeiros e professores em nome da austeridade econômica. “No mesmo tempo, a direita bem organizada, usa a democracia para defender seus interesses”.
Julie disse que seu partido tem um ala, denominada “Momentos” que busca achar alternativa a essa descrença das pessoas. “Momentos”, por exemplo, organizou e realizou conferências paralelas a dos partidos políticos tradicionais, sobre Cultura, Arte e Política, e que esses festivais têm atraído cada vez mais as pessoas. “É difícil identificar os caminhos”, explicou.
        Para a deputada, uma das saídas é a utilização de estruturas diferentes em áreas como água, transporte e infraestrutura, de forma coletiva e autônoma pelo povo, como modelo de governança diferente.

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